Quem sou eu

Minha foto
- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

terça-feira, maio 31, 2011

Dia incomum

Subira no ônibus como em todas as manhãs comuns e indiferentes. Avistara o primeiro banco vazio e é nele em que ela senta. Não olha para os lados, nunca. Mas, hoje, sem saber porquê escorregou o olhar para o cobrador que lhe sorriu mostrando grandes dentes brancos. Tímida, retribuiu. Sentara-se no seu banco predileto e o vira, sentado em sua frente, cabelos macios e cheirosos como de costume. Antes que ela chegasse, ele estava sempre ali. Sempre no mesmo banco, os mesmos cabelos macios. Mas, hoje, hoje especialmente ele lhe sorrira e, de súbito, pulara para o banco de trás, ao seu lado, e os dois sorriram tímidos até o final da linha.

sexta-feira, maio 27, 2011

Descobertas, imagens e corações

Que venda, que maldita venda é esta que insistes em usar para tapar os sóis..., as tuas verdades? Não basta o amor superficial e não recíproco dos homens da terra e, agora, crias falsas verdades para a tua pisquê hostil e ridiculamente comum? Quantos mais desamores precisarás sentir para encarar tua verdadeira face frente ao espelho? Meu caro, espelhos não metem jamais, deixe tua alma neles refletir. O mundo é perverso, mas o homem lutando contra sua própria essência sofrerá, ainda mais, por tantas quantas reencarnações forem necessárias. Liberta-te da imagem superficial da vida mundana. Liberta-te do que não faz parte de ti. Liberta-te em ti.

Vazio e outros reflexos, ecos

      A solidão sentida é mais do que a ausência do contato físico. O que me deixa com a sensação de vazio é ausência da compreensão daquele que toca e ouve, mas que não tem capacidade em compreender o significado do meu silêncio e, por vezes, do meu  grito abafado e do sangue estancado. 
Não é o contato físico, a carne meramente posta ao meu lado, é a compreensão que me faz falta, a compreensão do silêncio das palavras sofridas, do confortar com os olhos, do tocar a alma e embalar meus sonhos. É a essência, a parte Humana extinta do ser que me deixa rasa. Fria, melancólica e estupidamente ereta.

quarta-feira, maio 25, 2011

Sempre que a solidão bate à minha porta - e todos aqueles que transitam pelos mesmos cômodos e estradas do que eu parecem-me passar por dentro de minha carne sem deixar nada como uma singela lembrança - recorro às linhas confessas de Plath. De tão sinceras que são, se confundem aos vinte e dois outonos, parecem tão minhas que, sei lá, chego a pensar que já fui pena e papel dentro de sua gaveta.

Aconchego-me em seus versos como se estivesse estirada em uma grande e macia nuvem de algodão. Reconforto-me e afogo-me novamente. Diariamente, agora.

domingo, maio 22, 2011

Expressão

Foi necessário expandir. Recriar verbos e formas de manuscritos para amparar o que de mim transborda.
Não é feita da junção clássica de quem tem dom e o usa de maneira mais genial possível. Foi um sobressalto. O despertar de  uma inspiração adormecida. Uma vontade absurda de fazer e dar contorno a tinta que me seduz. Processo único. Um momento e um suspiro. Toda recordação partilhada com o desejo inovador de me recriar. Redescobrir os horizontes perdidos dos traumas de uma lâmpada queimada. Redescobrir a palavra transportada em diagramas, cores que flutuam e se fundem numa mistura imatura de uma mente em crescimento.


Resgatando o passado. O momento crucial, no qual definiu as tempestades de inverno em ondas de calor dum mar do Cassino. Recordar as idas e vindas. Os não saberes e os quereres num emudecer das canções.
Reconstruindo as tardes de sol trancafiada no quarto, planejando, desenhando e re-desenhando o símbolo de minha infância solitária, típica de uma moradora de condomínio cuja a companheira mais nova era balzaquiana. A infância retratada na luminosidade do sol. No amadurecer das palavras com o chegar da primeira estrela.


Curvas que se transpassam. O verde da erva mate impregnada nos dedos e na memória inventada.
A solidão mais aconchegante de todos os invernos e, por que não?, de todos os verões. Danças escondidas. A música que escorria do chuveiro não acabava com qualquer passar de toalha nas costas. Vestia-me ainda úmida, para ter por mais tempo em mim, caso a memória falhasse, as canções escritas no vapor do suor de meus heróis munidos de teclas, cordas, melodias e vozes.


A solidão e a infância sopradas no vento das cordilheiras distantes, retorna, agora, em tinta óleo. Mancha a tela com pinceladas que só a alma é capaz de revelar. Não é de entendimento comum. É totalmente egoísta e solitária. Do universo dos versos escritos na memória do dias que não voltam mais, graças a Deus!

Não entra em jogo os sabores de se desfrutar de um dom (do qual não tenho), é  só e exclusivamente o desejo incontrolável de viver em outras línguas.


"Versos que me traduzem"...


..."soltos no universo das paixões".

terça-feira, maio 17, 2011

Sem despedida, apenas dor

...
E ficou pensando no que estava fazendo ali, no que pensava e quais monstros lhe seguravam as mãos quando tudo não passou de um fechar de olhos. Coisa comum quando se vai dormir. Coisa inaceitável quando se sabe que não se vai mais acordar. E que os sonhos de outrora não passarão de lembranças em épocas posteriores. Num pós-vida.
Quanto sangue, quanta dor.