Quem sou eu

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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

quarta-feira, outubro 12, 2011

UM CONVITE


O dia amanheceu triste
para você hoje   ̶  eu sei.
Mas olha, se me deixares entrar,
trouxe aqui comigo algumas tintas e pincéis,
assim, podemos colorir um arco-íris
no teu céu.

̶  Vamos tentar?

domingo, outubro 09, 2011

Águas calmas


 Foto retirada do sítio: http://www.pelotasconvention.com.br (sem identificação de autor)

Coração meu
em repouso tranquilo
como as águas
claras e mansas do
Laranjal.

LICENÇA POÉTICA



nuvem espessa
flutuando sobre o jardim -
pássaro azul, em canto sibilante,
clamando por meu vir.

sexta-feira, outubro 07, 2011

01


Não esmoreço
em cada despeito teu.
Meu corpo e minha dança,
frutos dos desejos teus,
entram em sintonia
às batidas da valsa,
da melancolia do
desapego teu.

Meu beijo,
minha valsa,
meu ritmo,
meu eu.
E tu...,
tu és todo meu
e eu toda tua,
embora duvides
da imensa melancolia,
nos abraços meus.

Com amor: eu me entrego.
Com despeito: tu me tens.
E, assim, inventamos amor.

quinta-feira, outubro 06, 2011

Oh, pedaço de mim...


Quebrar uma louça por vontade dos sentimentos alvoroçados provoca sempre uma sensação de conforto, de um alívio imediato. Visto assim, o lado positivo exalta-se. E o sorriso, acompanhado por algumas lágrimas de origens duvidosas, é libertador.

Porém, como de regra, há sempre o outro lado da moeda. Os tais poréns da vida. O porém de agora está em limpar os cacos espalhados pelos cantos da cozinha após a louça repartida em mil pedacinhos miúdos. Você, então, varre. Junta pedacinho por pedacinho com extremo cuidado para não se cortar. Embrulha delicadamente o que restou do seu jogo de jantar, herdado da sua tataravó, em várias folhas de jornal. Quando segura de que alguém não irá se cortar, o embrulho está pronto para ser colocado em um saco e despejado na lata do lixo. Pronto, a cozinha está impecável novamente. Ninguém (mais) irá se machucar.
Poucas horas depois do ocorrido, você sente sede e vai até a cozinha de pés descalços, nem lembrando que sua louça adorada havia se despedaçado ao chão. Bastou o descuido. Bastou o esquecimento para que você, pega de surpresa e indignada, enterrasse um mísero fiapo do que restou de vidro em seu pé desabrigado, para que a dor voltasse a doer profundamente. Incomodando e ardendo pelos próximos dias.

Assim, acontece com o coração que, por meio de um delicado processo de restauração e persistência, juntou seus caquinhos, um a um, tomando o cuidado de não deixar nada pelos lados tridimensionais da alma. Até que, de repente, você se descuida - assim como aquela que andou pela cozinha, com os pés desnudos, após ter quebrado a louça - você se descuida, não presta atenção por onde pisa, onde quer chegar e o que há em seu caminho e, pronto, um mísero fio de decepção penetrou profundamente em sua alma, deixando a ardência da penetração, a sensação profunda de inquietação, de corpo estranho..., de marcas e lembranças somente suas, não visíveis a olho nú, mas perceptíveis no inspirar do oxigênio para recobrar o fôlego em meio a dor.