Quem sou eu

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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

segunda-feira, dezembro 30, 2013

nem cuiabá

o calor de derreter
em tons de Dalí, literalmente

derrete primeiro a roupa, o relógio
depois se esvai o corpo de fora
logo em seguida, o corpo de dentro

fígado, rins, pâncreas,
plumão e, por aí, vou derretendo
mas há algo que emergiu do meu eu líquido
único órgão intacto

o coração irrigando vida
para ele mesmo, egoísta

comigo todo derretido pela sala,
ensaio uma teoria
fundamentada no tátil, no visível escopo
pesquisa de campo

retomo o monólogo antigo,
aponto para o meu objeto
impenetrável, duro

riso frouxo e peito estufado;
trago-lhes minha conclusão, irrefutável
(mais que dois pontos, exclamação)
o coração sobrevivente não é de gelo,
como os caríssimos supunham desde o início

o coração exposto aqui em análise
é feito de um resquício mínimo de minerais,
mas o elemento predominante
é matéria forte, impenetrável
granito, meus caros! não calcário - esses, são molengas -

o coração de que vos falo
este aqui, senhores,
é feito da mais bruta pedra