Quem sou eu

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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

sexta-feira, janeiro 31, 2014

bate-e-volta

meu coração 
bate
bate feliz ao saber
que a saudade bate-e-volta

feliz ao saber
que a nossa saudade 
correspondida seja

correspondida é

ecoa daqui pr'aí
daí pr'aqui 
o eco

a reciprocidade do amor
nos faz bem

o eco é o amor
volta-e-bate num ciclo violentamente eterno

segunda-feira, janeiro 27, 2014

teu retrato, minha dor

leio teu nome no verso
o retrato de frente para o espelho
reflete os teus anseios

tu foste
seguiste o caminho

grito teu nome
leio teu verso
esboço teu reflexo em mim

tu foste
dobrou a esquina
diluiu tua imagem no ar
sem que eu pudesse te acompanhar

meus olhos parados
tu seguiste
outro caminho
deixando para trás o esquecimento estampado no retrato

sábado, janeiro 25, 2014

sobre ausências

tem estado mais fora do que dentro
quando está
pede companhia
/recuso
minha forma de responder
dando as costas
para dizer que já não estamos
pode continuar o caminho 
sem mim

sexta-feira, janeiro 24, 2014

quarta-feira, janeiro 22, 2014

sábado, janeiro 18, 2014

poemeto da serenidade - pequena abreviação do tempo

chuva que o vento leva
faz sonho de passarinho acordar 

inerte sob o tempo

deixo a vida passar

das mãos do cancioneiro da existência

retina o arco-íris 
da sublime consciência
do meu bem amar

quarta-feira, janeiro 15, 2014

meu vazio

eu, nesse estado vegetativo
estou entregue

eu, nesse estado vegetativo
dou-te cadeira cativa;

do meu lado,
zelas meu marasmo;

do meu lado,
rezas por mim
para que finde esse mormaço

eu, nesse estado vegetativo
vidro o olho no que fui um dia

e tudo o que me recordo
está atrás da minha membrana plasmática

está atrás e ali tem um vão
que por definição universal
se chama vazio

eu, nesse estado vegetativo
te entrego o meu vazio
como prova de amor

terça-feira, janeiro 14, 2014

não importa o tempo, as nuvens é tu quem desenhas

era para ser suave
como essa noite fresca de verão
era para ter estrelas brilhando no teu céu
era para ter as nuvens de que tanto falas
era para ter o amor,
sentindo na pele,
que tanto emanas no calor das tuas orações
mas o céu escureceu sem estrela
as nuvens chegaram carregadas
a tempestade logo vem
derrubará árvores
desabrigará os pássaros
amedrontará a humanidade mesquinha
esse é o céu que vejo
o que céu que me suporta
a nuvem que me borda
haja tempestade que houver, no entanto,
teu céu permanece intacto
tuas nuvens algodão
animais e amor
tua estrela oração
como aguentas?
havendo tempestade
de amedrontar a humanidade mesquinha
tu não te afliges
tens a devoção
tens a exaltação
em forma de céu sereno
em vaga nuvem que vagueia
livre no ar
do teu céu de papel
da tua estrela de tinta
da tua paz de poema
vaga canção que vagueia
me leva para perto de ti
que é nuvem
é céu
é o amor todo
sem fim

segunda-feira, janeiro 13, 2014

sexta-feira, janeiro 10, 2014

lânguida lara

prefácio

tem teu nome
é teu


lânguida lara


eu queria poder desvendar
porque pensei em ti
é para ti
tem teu nome
e meu coração
e teu coração também
mesmo que seja uma sintonia antiga
uma aflição passada
tem teu nome

...
eu queria poder desvendar
a flecha que fez buracos em teu coração
entender como ela conseguiu
que fizesse com que desistisse
do café da manhã
da companhia na sala
do filme no cinema 
– sempre por um pouco mais de sono

eu queria ter me feito de escudo
dar o meu coração
pelo teu
deixar flecha me furar fundo
sentir sozinho a dor de um coração atingido, em frangalhos
mas eu não cheguei a tempo
queria dormir um pouco mais aquele dia

queria ter te colocado numa caixa
ter te fechado nela
ter te aprisionado em mim
sem tela, nem janela nem fresta
só a tua cor em minha escuridão
mas a flecha te furou de jeito
estraçalhou teu coração
e hoje trocas o cinema pela cama
a minha companhia pelo colchão


quinta-feira, janeiro 09, 2014

coração coragem em pequenas doses

o querer não deve
parar no porém
como o ir
deve ser além
e, para tudo isso,
coragem, meu bem.

segunda-feira, janeiro 06, 2014

angela assume daqui

eu quase não quis nada
e o quase é o grito do meu átrio,
doutor disse que vou ter de operá-lo
e a cirurgia é consequência do verbo existir.

domingo, janeiro 05, 2014

poema da alcoolusão

era tão verdadeiramente cru
que cheguei a jurar que era leminski

era tão bem feito
que comi o título sem garbo, 
/estava faminto

era tão sufocante
que arrotei, achando que era rima
além de ímã

e arrotei duas e tantas vezes mais
porque eu estava alto
no ápice da sabedoria [c
                                    a
                                       í]


que nada
não era arte nem dono de alguma verdade
era uma garrafa de cachaça vazia
que eu deixei barata
no meio da sala

lirismo roto
página em branco
vãs legitimações

sexta-feira, janeiro 03, 2014

silêncio fatal

tem sido difícil 
deixar com que a palavra dita 
tome o lugar da presença física. 
tem horas 
        seguidas de mais horas
que a palavra cala
        e não resta mais nada
do que pegar na bala
e deixar o vento carregar o cheiro de pólvora
para quem vem.