Quem sou eu

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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

quinta-feira, maio 29, 2014

predição consumada

tristeza que sibila
minha vida tem só
uma rotina:
morrer um pouco
a cada dia

domingo, maio 25, 2014

esquinas

não me dou por vencido
luto, corro,
escarro, encaro
não me dou por vencido
sempre tenho a mim

no encontro de cada esquina

sexta-feira, maio 23, 2014

poesia toda hora

para longos invernos
poesia para aquecer

para dias de solidão
poesia para acompanhar

para um grande amor
poesia para esquecer

terça-feira, maio 20, 2014

mundo cacofônico

mundano mundo
onde fica mesmo
o botão de mudo?


*

mudo mover
mudo silenciar
mudo transformar

o mundo num
vocábulo único

não precisa muito
só um pouco mais de coragem
para continuar

quinta-feira, maio 15, 2014

triste humanidade – para os dias insuportáveis que estamos fazendo

humanidade!

põe no cercadinho
da mediocridade
tua arrogância
teu desamor
teu desafeto
tua falta de compaixão
tua incapacidade de ser cidadão
/não seres humanos
nós é quem somos os verdadeiros
culpados, não eles!

humanidade!
cante uma canção de ninar
para tua miséria intelectual
deixe tudo
tudo de podre
da tua alma
dormir o sono eterno
no cercadinho da rua Cleveland
no cercadinho da rua Umbigoland

e que a miséria humana
não desperte nem evolua
nem prolifere nem nos maltrate
nunca mais

terça-feira, maio 13, 2014

domingo, maio 11, 2014

vestígios

gosto do que sangra
e do que faz sangrar

gosto do que queima
e do que faz queimar

gosto do que arde
e do que faz arder

gosto do que chora
e do que faz chorar

gosto do que ama
e do que faz amar

gosto do que atordoa
e do que faz atordoar

gosto do que vive
e do que me deixa viver

ao som de adriana calcanhotto - senhas

quarta-feira, maio 07, 2014

ostranenie

não decoro nada
nenhuma palavra
nem mesmo a mais bem dita
palavra leminski

não decoro poemas
então: a rima menos decorada
me invade o espanto diário
o assombro de me pegar
envolvida nas mesmas linhas
mas com o olhar diferente

não sei nada de cor
tudo me espanta
como o primeiro gole
do meu chá preferido

a cada novo gole
nova sensação me aquece
me adoça o paladar
/como é gostoso
esquecer para depois lembrar!

não decoro nada
nada sei de cor
estou na eterna descoberta de viver

cada dia um novo espanto
me beija a boca com novo gosto


segunda-feira, maio 05, 2014

compêdio da semana – e, ainda, estamos na segunda



arena 21

a sede por justiça
é a mesma que te rouba
te prende a postes
te espanca até a morte

de longe
é justiça
é saudável
é pacífica
é correta

sede de sangue
de vingança
o oportunismo do covarde
do imbecil
do olho por olho
o mundo cego
jaz outra vez, aqui

as sandálias amarradas ao tornozelo
a espada na mão
o gladiador de um lado da arena
os medíocres à volta,
entre aplausos e urros de glória,
lambendo o sangue
que respinga em suas bocas podres

a vida, indefesa e banal,
misturando-se à areia
ao pó do esquecimento
em pleno século xxi

...


ainda somos

antes fôssemos vidro
que já na primeira queda
a vida
perfuraria o pé do outro
só para dizer
que ainda estamos aqui
que, hey!, ainda somos algo
que nada faz sangrar em vão
a lei do retorno
é faca afiada ou flor perfumada