não decoro nada
nenhuma palavra
nem mesmo a mais bem dita
palavra leminski
não decoro poemas
então: a rima menos decorada
me invade o espanto diário
o assombro de me pegar
envolvida nas mesmas linhas
mas com o olhar diferente
não sei nada de cor
tudo me espanta
como o primeiro gole
do meu chá preferido
a cada novo gole
nova sensação me aquece
me adoça o paladar
/como é gostoso
esquecer para depois lembrar!
não decoro nada
nada sei de cor
estou na eterna descoberta de viver
cada dia um novo espanto
me beija a boca com novo gosto