Quem sou eu

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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

segunda-feira, abril 15, 2013

poemelinskiando


espalho o cinza
e nele todo o amor
me infla

fito o oco
e todo abandono
se acaba num sopro

asco
masco

sou forte
e me reparto

um parto que chega
um fardo que parte

divide
subtrai
soma
e
reparte

domingo, abril 07, 2013

do tipo: irreversível

Estou triste
Perdi a tua linha...

Parece bobagem
Não querer beber café
Não contei, mas tem sido assim

Tenho sido do tipo orgânico
Que toma banhos rápidos
Que troca o doce pelo nada
O suco natural, polpas e sangue limpo

Parece loucura:
Somente fazer café
Tem sido minha cura

Difícil não saboreá-lo
O teu sorriso cheira a café
E isso fagulha
O que já não mais
É

Ouço passos na cozinha
Lembro-me do café
Das tuas melodias

Sangue ferve
A chaleira apita
Quero berrar
Mas só tenho saudade
A oferecer nessa casa vazia

Sem falar da cama...
Posso te ver
Saindo dela
Linda e branca
Caminhando na ponta dos pés
Para não me acordar

Eu, acordado,
Fingia dormir
Para te ter cautelosa
Pisando em nuvem
Pela manhã
Somente para mim

Mas agora a água esfria
Moo os grãos de café
Faço tudo
Como manda a rotina
Como tuas mãos brancas
Faziam

Só não o bebo
Não tem gosto
O líquido esfria na xícara
Apenas preto, insípido
Sirvo a mim

A ti
Mas os passos nus
Retumbam a madeira velha
A sala ‘de não estar’
Não estou
E

Estou tão triste
Cheirando a café

Os passos nus continuam
Retumbam-me
Lembro-me da tua solidão
Vestindo minha camisa
Branca
Invento o futuro
Que não tivemos

Sinto falta
Da água quente
Teu café

Inspiro suave e
Lentamente
[Finjo]
A fumaça do café fresco


Inspiro-me
Te vejo
Fumaça
Nua nos pés
Os olhos meus
As mãos tuas
Coando café
Caçoando minha velhice

A tristeza seguinte
Num gole filosofal teu
Perdi
Infelicidade profunda
Não te entender

No desenho marrom
O fundo da xícara
Anuncia o fim

Joguei fora
A tua borra de café
Não contei, mas tem sido assim

Do tipo orgânico
Caso irreversível de ti

sábado, abril 06, 2013

desassossego noturno

Acordei no meio da noite, aturdida, suando frio. Não era pesadelo, mas havia um peso em mim que eu não sabia de onde vira. Um desconforto enorme no peito, sensação de sufocamento. Queria gritar, mas não tinha voz. Era madrugada. Não queria fazer alarde à toa da minha dor. Pensei em buscar um copo d'água quando fui levantar da cama, acordei.
O que eu acabara de vivenciar fora um sonho dentro de outro sonho, esquisito, apertado, pesado.
Acordada, o peso manteve-se. A sensação de ser sem estar é angustiante de começo, mas logo vem o cansaço seguido do conformismo. Tudo se adéqua ao movimento atual, querendo ou não. Tudo segue no peso, no esgotamento do desassossego. Sem medida ou ação precursora de mudança, tudo segue nos conformes, nos clichês da animosidade. Sem estremecer a insegurança, ela continua firme em seu objetivo; barrando tentativas de revirar a alma, de avivar os sentimentos para o agora...
Tudo segue pesado, cansativo.
Nem me lembro mais da última noite em que finalmente adormeci, esgotada. Isso que tenho tem um quê de nada, rotulado como tudo aquilo que dói sem saber e imobiliza sem querer.