Acordei no meio da noite, aturdida, suando frio. Não era pesadelo, mas havia um peso em mim que eu não sabia de onde vira. Um desconforto enorme no peito, sensação de sufocamento. Queria gritar, mas não tinha voz. Era madrugada. Não queria fazer alarde à toa da minha dor. Pensei em buscar um copo d'água quando fui levantar da cama, acordei.
O que eu acabara de vivenciar fora um sonho dentro de outro sonho, esquisito, apertado, pesado.
Acordada, o peso manteve-se. A sensação de ser sem estar é angustiante de começo, mas logo vem o cansaço seguido do conformismo. Tudo se adéqua ao movimento atual, querendo ou não. Tudo segue no peso, no esgotamento do desassossego. Sem medida ou ação precursora de mudança, tudo segue nos conformes, nos clichês da animosidade. Sem estremecer a insegurança, ela continua firme em seu objetivo; barrando tentativas de revirar a alma, de avivar os sentimentos para o agora...
Tudo segue pesado, cansativo.
Nem me lembro mais da última noite em que finalmente adormeci, esgotada. Isso que tenho tem um quê de nada, rotulado como tudo aquilo que dói sem saber e imobiliza sem querer.