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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

terça-feira, março 26, 2013

mãe

foi dito. teve vômito e por mais que isso me incomode, foi necessário, pois que desobstruiu a passagem para o que deveríamos ter sido. sem hipocrisia, tudo dito foi. sem uma lágrima caída, ainda que a mágoa seja a nossa única ligação, acima dela persiste a raiva; até mesmo rancor. daquilo que não foi resolvido. não por mim; tenho tido inúmeras conversas e conselhos na terapia nesses últimos dez anos. tenho feito minha parte, por isso tenho conseguido deitar a cabeça no travesseiro e dormir. tu também tens dormido. eu tenho te ouvido dormir. volte e meia, na ida ao banheiro, passo pelo teu quarto e te espio o sono pela porta entreaberta. tens dormido e eu me pergunto "como?", como dormir, como fingir essa imparcialidade? como fazer de conta, por tantos e tantos anos, que não há nada fagulhando o peito? a mágoa arruína-nos, mãe. ela perturba; amarra-nos ao passado que já deveria ter sido esquecido. eu quero pontilhar uma trajetória de afeto: comigo, contigo e com a minha infância. no entanto, preciso que tu faças o mesmo: contigo, comigo e pela nossa infância.


ao som de: Doces Bárbaros - eu te amo