Quem sou eu

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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

quinta-feira, março 31, 2016

juntando os pedaços do tempo



(...) Eu procurava, com uma vela acesa,
O feto original, de onde decorrem
Todas essas moléculas que morrem
Nas transubstanciações da Natureza.
(Augusto dos Anjos, 1900-1914)


sempre senti
a ausência familiar das coisas em mim
estrangeira
na minha própria existência

parece que não sou mais capaz
não sou mais capaz de sentir nada

basta uma fração de segundo –
veja como tudo soa banal no dia de hoje, querida –
basta uma fração de segundo e a gente deixa de existir
para todo o sempre-aqui

quarta-feira, março 23, 2016

se o caso é chorar, zé, canta a quinzena mais quatro desse dilema para ela


cinzas de netuno
jogadas sobre os braços
do amanhã
heroico polvo, com seus tentáculos
escarnece o asco para fora
do meu centro desossado
regozijo o encantamento
da melodia dessa manhã
vinco cinco vênus
de caetanos deitados todos nus
nas tranças do amanhecer
o poema claro rasteja
para trás da névoa do teu esquecimento
reluz transcende o branco
alva dalva estrela alma, acalma
e encontra o branco-nada
do lado que ninguém chega:
a luminosidade cega
clareia amor clareia