para Pedro
Mascarenhas
tem
vezes que a gente sente
e
sente tanto às vezes
que o
peso aumenta de tamanho
e a
gente só quer sentar
desamarrar
as botas
tirá-las
dos pés e se jogar
no
chão mesmo
onde
for onde o corpo cair
e ele
cai
peso
morto
estrondo abafado pelos gritos da rua
o
mundo anda amargo demais
e a
gente não dá conta
é chá
de boldo
é chá
de maçã
que
até se põe açúcar
mas
tudo cai com estupidez no estômago
um
soco um chute uma facada um tiro a queima roupa
e o
corpo cai
tonto desamparado doído
ali
mesmo no banheiro
e de repente tudo aquieta
nem vento nas folhas das árvores
o corpo só
quer ficar uns dias ali
esquecido
no chão frio e úmido do banheiro
deixa-o
quieto, por favor, espaço
mas
vez em quando abre a porta
e te
senta ali
só um
pouquinho de cada vez
só
quietinho
que eu também preciso