A vida estava tão boa com você por perto. As cores eram mais nítidas, e o sol sempre invadia meu quarto pelo amanhecer acordando-me com um aquecido carinho em meu rosto tranqüilo de sonhos bons.
Em um dia desses em que o sol invade o seu corpo e aquece sua alma tomada de saudade, você resolve viajar. Viajar para conhecer novos ares... Simplesmente sair sem rumo certo, parando na cidade que mais lhe agradar.
Não me perguntaste se eu queria ir junto, talvez mesmo, eu nem iria. Mas faltaste comigo, sim. E o meu céu nublou. Com o tempo vamos nos acostumando com essas mudanças inesperadas. E os dias passaram se arrastando por entre as sombras das alamedas vazias de gente, de nós. E no final, você resolve simplesmente me dizer que agora vais mais longe, e sem ao menos se despedir de mim, pela segunda vez.
Ainda lembro do último postal que recebi. Havia uma praia muito bela, de cores intensas. E no verso estavam suas únicas palavras: “Estou me mudando no fim do mês, para uma cidade vizinha. Um beijo e cuide-se”.
Apesar de estar bem sucinto, faltou um detalhe, não percebes? Faltou uma palavra de esperança, de que iríamos manter estes vagos, porém importantes, contatos. Mas nem isso você escreveu. Talvez a mudança já estava saindo e foi tudo o que conseguisse escrever. Por falta de tempo, quero crer. E não porque terminaria nesse último postal.
E é em dias assim em que os céus voltam a sorrir para mim; eu lembro de você e isso aperta o peito e reaviva a vontade de lhe ver. De tê-lo, mesmo que em postais com frases inacabadas. Mesmo que seja assim... Em vagas, mas vivas palavras e lembranças.