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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

sexta-feira, julho 11, 2008

Pressentimento

Acordei no meio da noite. Apavorada coração acelerado, suor escorrendo pela face pálida e rígida. Levantei-me e fui tateando até quando pude encontrar a porta que abri com estupidez -  tamanha afobação que me encontrava. Lavei o rosto, passei a mão molhada na nuca, e andei mais alguns passos até a cozinha, onde com muita sede quase engoli o copo com água.

Lembrei do que acontecera antes de acordar. Tive um sonho estranho, angustiante, sufocante... Em algum beco mal iluminado senti uma forte dor no peito enquanto alguém se ia. Ia-se, sem ao menos explicar o porquê, soltando lentamente uma das minhas mãos, sem nem mesmo virar-se para que eu pudesse ver seu rosto pela última vez.

O medo, a solidão e o vazio como em uma tempestade vieram arrasando com tudo o que encontraram pela frente. E eu fui uma de suas frágeis e impotentes vítimas. Devastando-me sem piedade alguma. E foi neste momento, em que o desespero debulhava-se em lágrimas, acordei gelada e com dificuldade para respirar.

Depois do susto,voltei a dormir. Achei que fosse só mais um sonho. "Apenas um sonho!", pensei, desta vez em voz alta, para tentar sentir firmeza, mesmo que meu coração não pudesse sentir o mesmo. "Alguma imagem inconscientemente registrada de uma matinê que presenciei antes de adormecer", talvez fosse a explicação para ter um pesadelo daquele jeito.  Talvez fosse esse o melhor jeito de me enganar.

O dia amanheceu e com ele pedaços vagos e incoerentes do sono passado borbulhavam em minhas lembranças. Não tendo nexo algum o esqueci durante o dia. Pesada e sofridamente, retornei a lembrá-lo quando voltei para casa e vi que suas roupas já não estavam mais no armário. Foi só então pude entender. Entender que nem tudo é por acaso, e que talvez, até no meu subconsciente eu já estava esperando por esse dia. Querendo ou não.

Querendo não.

[
E aquele nome,que não era o meu, tatuado no teu peito era um anúncio de fim que de um jeito ou de outro eu precisava dele. Só para ter certeza já que não me dizes mais.]