não me curo mais de ângela
penetrou pele
vestiu-se de sangue
escorreu por mim
atingiu cada membrana
cada espaço mínimo do que fui
foi mais fundo
não querendo parar
atingiu meu perispírito
perscrutou meu espírito
inundou o que sou
não quero mais emergir
não quero sacudir ângela de mim
nem tirá-la das minhas entranhas com uma lavagem medicinal
quero ângela dentro, fundo em mim
só assim sei que o que me corre é loucura
mas a loucura mais saudável que já vivi
não me tirem ângela
ela já é minha
já somos nós
sou eu
nela
ela
em mim
e isso me basta
é tudo
mundo
fundo
no que sou
sou
sou ângela
por dentro
correndo nas veias
manchando a tela de vermelho sangue
não me tirem ângela
ela já é minha
já somos nós
sou eu
nela
ela
em mi maior
e nos bastamos.