arena 21
a sede por justiça
é a mesma que te rouba
te prende a postes
te espanca até a morte
de longe
é justiça
é saudável
é pacífica
é correta
sede de sangue
de vingança
o oportunismo do covarde
do imbecil
do olho por olho
o mundo cego
jaz outra vez, aqui
as sandálias amarradas ao tornozelo
a espada na mão
o gladiador de um lado da arena
os medíocres à volta,
entre aplausos e urros de glória,
lambendo o sangue
que respinga em suas bocas podres
a vida, indefesa e banal,
misturando-se à areia
ao pó do esquecimento
em pleno século xxi
...
ainda somos
antes fôssemos vidro
que já na primeira queda
a vida
perfuraria o pé do outro
só para dizer
que ainda estamos aqui
que, hey!, ainda somos algo
que nada faz sangrar em vão
a lei do retorno
é faca afiada ou flor perfumada