o primeiro dia
de uma morte
não é memorável
a razão e o tempo inexistem
tudo paralisa
tudo é silêncio
o vento já não dá mais vida
às folhas das árvores
uma borboleta preta
pousa na mureta da janela
tudo é silêncio
o primeiro dia
de uma morte
é o luto inexorável
e luto inexorável é um vazio impreenchível
é o nada dentro da ausência
de se estar só
para sempre
o primeiro dia
de uma morte
é a eterna lembrança
do ontem e a desesperança do amanhã
o primeiro dia
de uma morte
vive no vazio da eternidade
e o resto: é silêncio