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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

quinta-feira, setembro 17, 2009

Inverdades a três

Talvez, hoje o sono venha
me fazer companhia antes mesmo
de eu te ver chegar, assim,
como quem não quer fazer barulho,
como quem não quer ser descoberto.

Sorrateiro...

E eu me deito cedo,
fingindo ter sono,
fechando os olhos marejados.

Mas te vi chegar - como em outras noites –
mansinho, trancando a respiração
para não ser notado, não ser pego no flagra
em plena madrugada fria.

Em meio aos prantos de dor:
todos mudos, secos.

Cegos...

E te senti chegar encostando de leve
o pé frio no meu, fingindo,
fingindo estar ali antes de mim.

De olhos fechados
chorei baixinho.

Sem nem fazer barulho,
sem nem manchar o rosto com
tanta dor imunda.

Chorei baixinho
até o sono aparecer.
E acordei antes do amanhecer
fazendo de conta que
tudo estava normal

- inclusive, esse gosto ruim que
amarga a boca e
sorri amarelo para as inverdades
em que finjo acreditar.

Nas mentiras em que finjo contar.

E amanhã, novamente,
irei dormir cedinho.

Fingindo acreditar que um dia,
quem sabe, alguma verdade seja dita.