O dia amanheceu sorrindo. Os pássaros bailando pelo ar ao som de suas próprias sinfonias era um convite para ela acordar e ir tirar o pijama surrado que modelava seu corpo magro. Mas ela não ouviu o canto dos pássaros, não viu o sol raiar. Não dançou a valsa dos bons dias. E a vida seguiu arrastando-se pelos cantos da casa, da cama que até hoje mantém o contorno de seu corpo carimbado pelas marcas do deixar-se ir. Do desistir sem nem ao menos ter aberto uma fresta que seja de seus olhos, antes iluminados. Hoje: adormecidos.
E o dia amanheceu, dessa vez, chorando.