Muito
me estranha quem não demonstra fraqueza, quem é sempre forte por fora, casca
dura que não quebra a qualquer choque. Desconfio de quem não se abate com nada,
segue sempre sereno e firme, sem nunca fraquejar diante às decepções
corriqueiras da vida. Suspeito de quem diz não conhecer o fundo do poço, quem nunca se viu rastejando no submundo da infelicidade, quem nunca vagou pela
escura e fria solidão moribunda genuína do próprio despertar. Dessas pessoas, me
afasto. Não são humanas, são robôs, são qualquer coisa outra, menos humanas . Pessoas de verdade
sofrem. Rastejam, sentindo agoniada dor rasgar o peito. Pessoas de verdade, se
recuperam hora e outra. Antes, frequentam os piores bares da depressão e da auto
piedade, mas se reerguem, penteiam os cabelos, passam uma água no rosto e voltam
à superfície. Voltam, melhores e mais fortes e corajosos do que antes. Pessoas
de verdade querem morrer, mas não morrem porque há uma força muito maior que as
põem vivas novamente, frente a frente com o espelho nosso de cada dia. Pessoas
de verdade sentem alegria, sentem dor e se renovam a cada amanhecer, independentemente da chuva que cai lá fora.
Quem sou eu
- Fabíola Weykamp.
- - O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.
quarta-feira, maio 22, 2013
Enxaqueca
São coisas que sempre estarão entre nós:
A minha solidão e o teu individualismo.
Todos nós focados e, dubiamente, exacerbados
Com a nossa estranha teimosia de querer viver...
A dois, logo quando só podemos ser
(cada um)
Um só.
sábado, maio 18, 2013
O reflexo inflexo da infelicidade nebulosa
Olhou-se no espelho
Teve dúvidas do que era
Perguntou-se há quanto estaria ali
Parada, seminua
E de onde e por quê
Tanta tristeza em seu rosto
Em todo seu corpo desengonçado
Olhou-se mais de perto
Resvalando os dedos nas olheiras profundas,
Nas expressão infeliz de estar viva
Não restou-lhe mais dúvidas
Era ela mesma
Só que menos infeliz,
Do lado esquerdo para baixo
Por incrível que pareça
Menos infeliz.
Teve dúvidas do que era
Perguntou-se há quanto estaria ali
Parada, seminua
E de onde e por quê
Tanta tristeza em seu rosto
Em todo seu corpo desengonçado
Olhou-se mais de perto
Resvalando os dedos nas olheiras profundas,
Nas expressão infeliz de estar viva
Não restou-lhe mais dúvidas
Era ela mesma
Só que menos infeliz,
Do lado esquerdo para baixo
Por incrível que pareça
Menos infeliz.
segunda-feira, maio 13, 2013
O Anjo das Coisas Findas
Joguei a toalha.
Pura e simplesmente.
Foi como
Se o Anjo das Coisas Findas
Viesse ao meu encontro
E docemente dissesse
O quanto sentira minha falta nesse tempo todo de solidão.
Pura e simplesmente
Nos reencontramos.
quinta-feira, maio 09, 2013
Dor epigástrica mais terna do que teu colo
Meu Deus
Uma faca
Bem afiada
Serrando incessantemente um ouvido
É muito mais confortável e
Indolor
Dou que ouvi-lo falar
A que ponto chegamos nós
Nessa vida
Miseravelmente indigesta
Em que o suco gástrico
Que volta queimando garganta
Mil vezes mais saboroso
Doce é
Doce é
Do que teus beijos de outrora?
terça-feira, maio 07, 2013
INFORTÚNIO UMBILICAL
Tudo
o que fazes para mim
Soa
como um fardo
Uma
imposição divina
Que
deve ser obedecida a cada Ave Maria decorada
Tudo
o que fazes para mim
De
pálida boa vontade
Soa
como cinismo velado
De
alguém tão mesquinho e egoísta
Que
não é capaz, nem mesmo por amor próprio,
Dizer
que não está afim quando, realmente, não estás.
O
meu estômago embrulha só de pensar
Que
posso ser como tu, logo adiante
Seguindo
maquinalmente como a reza de um terço,
Seguindo
à risca o dito popular
‘Quem
sai aos seus não degenera’
Antagônico
e complexo
Nunca
fui tua
Apenas
saí daí, de algum jeito
Nem
sei como, meu Deus
Nunca
fomos nada
Nem
mesmo fizestes questão
Questão
de tentar ser
Nunca
fomos nada
Além
do que completas estranhas
Que
pela infelicidade do destino
Precisam
ocupar a mesma sala de jantar.
Mais
sofrível do que convivência forçada
É
a impossibilidade genuína
De
sermos qualquer coisa que não
Meras
intrusas
Meras
desconhecidas...
Se
estas palavras a chocam
Deixam-na
perplexa e ofendida
Tente
fazer uma aproximação
Mais
fidedigna possível
Dos
sentimentos com que a tua incoerência
E
frieza maternal
Mastigaram minha alma,
Minha felicidade.
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