Quem sou eu

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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

quarta-feira, maio 22, 2013

Pessoas nanquim


Muito me estranha quem não demonstra fraqueza, quem é sempre forte por fora, casca dura que não quebra a qualquer choque. Desconfio de quem não se abate com nada, segue sempre sereno e firme, sem nunca fraquejar diante às decepções corriqueiras da vida. Suspeito de quem diz não conhecer o fundo do poço, quem nunca se viu rastejando no submundo da infelicidade, quem nunca vagou pela escura e fria solidão moribunda genuína do próprio despertar. Dessas pessoas, me afasto. Não são humanas, são robôs, são qualquer coisa outra, menos humanas . Pessoas de verdade sofrem. Rastejam, sentindo agoniada dor rasgar o peito. Pessoas de verdade, se recuperam hora e outra. Antes, frequentam os piores bares da depressão e da auto piedade, mas se reerguem, penteiam os cabelos, passam uma água no rosto e voltam à superfície. Voltam, melhores e mais fortes e corajosos do que antes. Pessoas de verdade querem morrer, mas não morrem porque há uma força muito maior que as põem vivas novamente, frente a frente com o espelho nosso de cada dia. Pessoas de verdade sentem alegria, sentem dor e se renovam a cada amanhecer, independentemente da chuva que cai lá fora.

Enxaqueca


São coisas que sempre estarão entre nós:
A minha solidão e o teu individualismo.

Todos nós focados e, dubiamente, exacerbados
Com a nossa estranha teimosia de querer viver...
A dois, logo quando só podemos ser
(cada um)
Um só.

sábado, maio 18, 2013

O reflexo inflexo da infelicidade nebulosa

Olhou-se no espelho
Teve dúvidas do que era
Perguntou-se há quanto estaria ali
Parada, seminua
E de onde e por quê
Tanta tristeza em seu rosto
Em todo seu corpo desengonçado

Olhou-se mais de perto
Resvalando os dedos nas olheiras profundas,
Nas expressão infeliz de estar viva

Não restou-lhe mais dúvidas
Era ela mesma
Só que menos infeliz,
Do lado esquerdo para baixo

Por incrível que pareça
Menos infeliz.

segunda-feira, maio 13, 2013

O Anjo das Coisas Findas


Joguei a toalha.
Pura e simplesmente.
Foi como
Se o Anjo das Coisas Findas
Viesse ao meu encontro
E docemente dissesse
O quanto sentira minha falta nesse tempo todo de solidão.
Pura e simplesmente
Nos reencontramos.

quinta-feira, maio 09, 2013

Dor epigástrica mais terna do que teu colo

Meu Deus
Uma faca
Bem afiada
Serrando incessantemente um ouvido
É muito mais confortável e
Indolor
Dou que ouvi-lo falar

A que ponto chegamos nós
Nessa vida 
Miseravelmente indigesta
Em que o suco gástrico
Que volta queimando garganta
Mil vezes mais saboroso
Doce é
Do que teus beijos de outrora?


terça-feira, maio 07, 2013

INFORTÚNIO UMBILICAL


Tudo o que fazes para mim
Soa como um fardo
Uma imposição divina
Que deve ser obedecida a cada Ave Maria decorada

Tudo o que fazes para mim
De pálida boa vontade
Soa como cinismo velado
De alguém tão mesquinho e egoísta
Que não é capaz, nem mesmo por amor próprio,
Dizer que não está afim quando, realmente, não estás.

O meu estômago embrulha só de pensar
Que posso ser como tu, logo adiante
Seguindo maquinalmente como a reza de um terço,
Seguindo à risca o dito popular
‘Quem sai aos seus não degenera’

Antagônico e complexo
Nunca fui tua
Apenas saí daí, de algum jeito
Nem sei como, meu Deus

Nunca fomos nada
Nem mesmo fizestes questão
Questão de tentar ser

Nunca fomos nada
Além do que completas estranhas
Que pela infelicidade do destino
Precisam ocupar a mesma sala de jantar.

Mais sofrível do que convivência forçada
É a impossibilidade genuína
De sermos qualquer coisa que não
Meras intrusas
Meras desconhecidas...

Se estas palavras a chocam
Deixam-na perplexa e ofendida
Tente fazer uma aproximação
Mais fidedigna possível
Dos sentimentos com que a tua incoerência
E frieza maternal
Mastigaram minha alma,
Minha felicidade.