Tudo
o que fazes para mim
Soa
como um fardo
Uma
imposição divina
Que
deve ser obedecida a cada Ave Maria decorada
Tudo
o que fazes para mim
De
pálida boa vontade
Soa
como cinismo velado
De
alguém tão mesquinho e egoísta
Que
não é capaz, nem mesmo por amor próprio,
Dizer
que não está afim quando, realmente, não estás.
O
meu estômago embrulha só de pensar
Que
posso ser como tu, logo adiante
Seguindo
maquinalmente como a reza de um terço,
Seguindo
à risca o dito popular
‘Quem
sai aos seus não degenera’
Antagônico
e complexo
Nunca
fui tua
Apenas
saí daí, de algum jeito
Nem
sei como, meu Deus
Nunca
fomos nada
Nem
mesmo fizestes questão
Questão
de tentar ser
Nunca
fomos nada
Além
do que completas estranhas
Que
pela infelicidade do destino
Precisam
ocupar a mesma sala de jantar.
Mais
sofrível do que convivência forçada
É
a impossibilidade genuína
De
sermos qualquer coisa que não
Meras
intrusas
Meras
desconhecidas...
Se
estas palavras a chocam
Deixam-na
perplexa e ofendida
Tente
fazer uma aproximação
Mais
fidedigna possível
Dos
sentimentos com que a tua incoerência
E
frieza maternal
Mastigaram minha alma,
Minha felicidade.