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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

sexta-feira, agosto 02, 2013

psicografia do perdão

Disseram-me que não era para eu me preocupar. Que embora o cansaço da longa estrada, eu não deveria desanimar com minha nova condição. Fiz das tripas coração e agora estou aqui, do alto, te olhando. Olhando como quem quer ser reconhecido; como quem passa os dias pensando nas coisas idas da vida, também, nas coisas vindas e que eu desperdicei porque, no momento propício, eu não estava pronto. Olho a ti daqui de cima e percebo quanto tempo desperdicei não te olhando como agora. Quantas noites mal dormidas eu tive e, por ingenuidade e solidão de quem nunca soube se dividir, decidi ficar pela sala, longe dos braços teus –que era para não te acordar a princípio, quando na realidade era para não me acordar. Não me acordar para o que a vida estava exigindo de mim e eu não quis ouvir, não quis ouvir a ti, nem a Marcos nem Pedro nem a Paulo. Simplesmente fechei meus ouvidos, afastei o mal dormir abanando a cabeça e enchendo minha boca do whisky mais caro que havia sobre a cristaleira da sala de jantar. Perdi o meu sono e perdi de ter colada em meu peito, pedindo asilo, um gole qualquer do meu amor. Perdi em não te amar como devia, perdi de ouvir todas as histórias que constastes nas tuas letras, que não me enviastes porque..., porque eu não tenho mais endereço, não tenho mais agenda; nota fiscal eu perdi, o compromisso com a vida eu me esqueci. Desculpa-me, minha querida Cândida, por não ter dividido meus anseios juvenis como o prometido; por ter te afastado da responsabilidade da minha vida enquanto tu repousavas a cabeça nua sobre o meu ombro, por ter desviado da nossa rota tão cedo. Mas a vida é justa e, a morte, também... Olhando-te do longe, agora, com os lábios sem cor, a roupa ainda de ontem, eu percebo o quanto fiz me perder de ti. Perdoa-me por ter ido, mas não posso mais voltar.
Com profundo amor e arrependimento, do teu

Olavo.