Quem sou eu

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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

segunda-feira, agosto 05, 2013

vestida de ilusão

Tinha os olhos tristes
Maldizendo os céus
Sua própria solidão

Fui me chegando mansinho
– sei que nossas escolhas nunca se encontraram –
Fui me chegando mansinho
Dando carinho
Que julgávamos não merecer

Tinha os olhos tristes
A terra toda em festa
Com suas danças e saias em movimento

Vestida de negro
A sombra das manhãs
Pedi para que fosses minhas
Até de manhã cedinho

Como prece
Deitei meu peso em teu ombro
De repente, peso algum mais havia
As vozes celestes ecoavam no nosso quarto
A tua saia balançava ao luar
Como deusa do meu céu
Com o amor que eu poderia te dar
Aceitastes
Naquele luar de olhos tristes
Fomos os olhos mais felizes dessa festa

Minhas preces foram ouvidas,
Posso assim dizer,
Tu sorristes para mim
Como quem sorri para a voz de Caymmi
Sorristes enluarada, mansa nessa madrugada
Vestida de noite
Na terra dos infelizes
Fostes a mais feliz voz de cetim

Tinha eu os olhos tristes agora
O lamento dos que sofrem por amor
Dos que morrem por amor
Era o meu lamento em dó maior
Nem Caymmi me poria o sorriso de volta
Nem a valsa das tuas torneadas coxas
Me fizeram cantar para o teu enluarar

Tinha eu os olhos tristes cá
Chico me disse:
Foram tudo meras ilusões
Dos sonhos que dobram a esquina
Sem olhar para trás

Fico eu triste com os olhos de cá