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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

segunda-feira, novembro 11, 2013

sopro de saudade

sozinha em casa, nenhum aparelho de som ou televisão ligados; saindo do banho, ecoou no vazio das minhas lembranças um assovio familiar. música assoviada de quem teve o dia longo e cansativo, de quem ouve uns bons bocados de palavras rudes em sua direção e responde com amor, responde com assovios ritmados.de quem é maior do que qualquer rancor. de quem aprendeu a lidar com a vida, a cuidar da renca de irmãos e ainda, sim, ter tempo para nós; assovios de elis, de titãs, de santiago e um em particular: ivan lins

ele ecoando assovios únicos da sala, a irmã mais velha, da cozinha, cantarolando boemiamente cada virgula. várias vezes o disco no repeat, até que eu, lá do quarto, na parte superior da casa pudesse cantar maquinalmente a mesma melodia:


"eu limpei minha vida

te tirei do meu corpo
te tirei das estranhas
fiz um tipo de aborto
e por fim nosso caso acabou
está morto

jogue a cópia da chave

por debaixo da porta
que é para não ter motivo
de pensar numa volta
fique junto dos seus
boa sorte, adeus"

ele se foi. foram-se voz, pulmão, córnea, tímpano, rim, baço, coração. 

permaneceu o eco dos seus assovios em mim que, timidamente, fecho os olhos como que em prece para poder ouvi-lo soprar amor em melodias que me acompanharão sempre sempre sempre.