deitado sobre a cama
atravessou-se com ar solene no colchão
eu, minúscula e encolhida
em meu sono
empurro-o com o pé tímido
ele, imponente animal
exercendo seu direito
quase humanizado
olha-me de esguelha
intimida-me
com sua enorme boca torta
e seu nariz quase todo branco, enrugado
dou-lhe benção, dominada
pode, pode dormir em paz
ficarei bem aqui, servil
com meu pedaço de colchão:
uma perna para fora da cama
os braços na cabeça
e a outra perna
dobrada na sua imobilidade
de amar e amar e somente amar
esse cão rabugento
amanhã, tu me pagas
amanhã, rendez-vous
amanhã, igual outra vez