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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

sábado, março 07, 2015

esse é o trem que me leva para a fonética praga

                      (para giovana gonçalves)

foi

como se o peso
sobre os ombros
no ar rarefeito

ficasse

leve como pena
pena de ave
que voa alto
perto longe rasante

fiquei

solta no ar
as pernas pêndulo
o corpo livre
a vida testemunha
do meu riso
alívio prego enferrujado
marteladas te quero
não hoje: agora
sob o mesmo

verbo

código fonte: mira
a minha sina
de ser aqui
para estar ali
no que dizes
enquanto eu sinto
no que digo
enquanto tu sentes

poema

que automático compõe
estradas: labirínticas rimas
para o amor

sǫu

termino a estrofe
com tua cartada
na manga doce
da blusa longa
que cobre braços
liberta teus abraços
no meu corpo
envolto de língua
acesa no dicionário
quente: místico transcende
tua papila gustativa
delirante sobre vogais
acentos consoantes danças
gal carnes ramil
no mp3 ocupa
teus ouvidos lindos
escutam: tudo ama
baixinho composto vermelho
entrada subterrânea: coração
minha vida impregnada
língua: linguista: linguística:
é esse trem
que me leva
para a fonética
praga?

formalismo

russo costura círculo
jakobson leminski gonçalves
na mesma terra
de fernando pessoa
que pessoa pessoa
humana revela: emana
amor palavra devoção

tua linguística mística
de volta volta
volto volto volto

vou

como se o peso
sobre os ombros
no ar rarefeito
leve me levasse
para a casa
de volta volto