sou a madrugada
que revela suas dores
mais íntimas
enquanto a cabeça
embala seus tormentos diurnos
no travesseiro noturno
dos lamentos
sou a madrugada
escura, insone
terrivelmente íntima
mergulho debaixo de lençóis
invado sonhos
desconstruo narrativas
manipulo emoções
agito tuas cobertas
e em sobressaltos
relembro desassossegos esquecidos
sou a madrugada
friamente acolhedora
penetrante, irrefreável
incurável