A primeira vez em que se viram, nem o infinito foi capaz de explicar a chuva de estrelas vinda de trás das nuvens carregadas de desamparo, ilusão e desesperança.
Perdida no tempo e espaço, em desatino saiu do seu apartamento. Precisava respirar, necessitava ver vida – já que sentia-se apenas respirando e mais nada.
Arrastando-se lentamente, ela mexia-se.
O amontoado de gente nas ruas faziam-na tontear e até mesmo cambalear.
Ela, que há muito tempo vivia o mesmo bairro, desconhecia as pessoas e vizinhos que por ali passavam.
Com cabelos desgrenhados e roupas fora de moda, sentia-se uma completa estranha. Alienada e bagunçada abaixava o rosto quando alguém cruzava seu caminho.
E assim caminhava por um bom tempo.
Tempo lento e aflitivo para quem não tem muito que fazer.
O que sua vida toou a deixou sem perspectivas e muito mesmo ela possuía um “plano B”.
Pensamentos vagando em desespero absoluto.
Luto estancava seu peito, prendia sua respiração. E mesmo assim, ela continuava a caminhar; vagando por entre docas, latas de lixo e por entre pessoas apressadas.
Sentia-se estranha. A coisa mais estranha que pôde ter visto até hoje.
Sinceramente? Coisa estranhamente viva.
“Viva!” bateu em seu peito oprimido sobressaltando de sua boca seca. “VIVA!” mais uma vez repetiu, agora em voz alta, ganhando olhares interrogativos. Interrogações de somenos importância comparada à vivacidade de seu andar, agora mais altivo.
Encaminhou-se apressada e mais lúcida, até o banco da praça, mais próximo. Precisa recobrar o fôlego – alegando ter vivido intensas emoções e descobertas.
Sentou-se assim que encontrou um banco vago.
A euforia que toma conta de suas entranhas não a deixou repousar. Levantou-se capciosa, e tornou a andar.
Nesse momento, sentia-se leve e fresca. Sua saia ritmada com seu andar, agora majestoso e provocante, balançava para lá e para cá...
Ela desfilava.
Observando os grandes prédios e contemplando as velhas, porém, resistentes árvores, atravessou a rua sem prestar atenção no que fazia.
Rodopiou no meio do asfalto sem notar onde estava. Sentia seus pés saírem do chão e sua leveza era mais intensa.
Obs.: O próximo post será com a continuação deste.