se estou
de fato nesse
mundo
meu universo
vai além do
meu umbigo
meu universo
é
o que afeta
assombra
fere
contamina
meu olhar até
o japão
a dor do
garotinho chinês
que se
enforcou com o cinto
por não ter
tirado boas notas na escola
a bomba que
caiu sobre uma mesquita em teerã
o urubu que comeu
os restos
do pequeno
africano
ainda com
vida
definhando na
beira da estrada
a chuva que
afogou os paulistas
a mesma que não
matou a sede do povo sertanejo
o meu
universo
enquanto ser
observador
ser, até
mesmo, atuante
nesse lugar
vai além da
minha própria
e humilde dor
meu universo
somos nós
em conjunto e
coro
uníssono
que o meu
olho enxerga
pela tela
plana
que o meu
ouvido escuta
quando durmo
para acordar