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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

sábado, janeiro 31, 2015

navalha do desprezo

engolir a navalha do barbeiro
que de corte em corte afia
o fio daquela lâmina
ora envolta de uma toalha
de linho branco e macio
ora cortando o mal pela raiz

engolir a navalha do barbeiro
a seco mesmo
deixar tomar a reta
arranhando e rasgando
e sangrando a garganta

depois jogar por cima
beber querosene e riscar
um fósforo goela abaixo
deixando o produto agir
e beber de novo
até queimar
até não restar mais
monossílaba de horror

te juro: doerá

mas doerá bem menos
do que o teu habitual desprezo

para contigo mesmo