a raça
arrasa
carne vendida desde
antes da fome
hoje
apetece ao olhar
desejo íntimo
não impugna a podridão humana
quer cheirar, lamber, comer
açoitar e escravizar
a carne negra
a mulher preta
coberta de purpurina e tinta
samba na tevê
porque a raça samba
todos sambam
devem sambar
a raça arrasa
arrasta o pé
sola branca
gasta servidão que o fundo
dos olhos testemunhou
a raça deve isso:
ao homem branco
divertir e aguçar os sentidos
porque ele é homem
o preto: é raça
mercadoria
satisfação do desejo
sacia a fome
faz o brilho da lua
ressaltar na pele escura
mas não come à mesa
abaixo dela o cachorro
vira-lata
a nova senzala é a televisão
o senhorio: eu