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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

sábado, fevereiro 07, 2015

o peso dos teus sapatos

                  (para fernanda weykamp) 

na madrugada
a dor faz serão
rasteja baixinho
fazendo tremer paredes
derrubar cobertas no chão
e despertar alarmes

o soluço da dor
quebra em ondas do mar
a correnteza – submissa e complacente –
devolve
o que nunca foi embora

na madrugada
um grão de areia
na cama
lembra a falta de sorte

de ter perdido
o pôr do sol na praia
e de caminhar sobre a areia
de meias e sapatos quentes
abarrotados de pressa e silêncio