na madrugada
a dor faz serão
rasteja baixinho
fazendo tremer paredes
derrubar cobertas no chão
e despertar alarmes
o soluço da dor
quebra em ondas do mar
a correnteza – submissa e complacente –
devolve
o que nunca foi embora
na madrugada
um grão de areia
na cama
lembra a falta de sorte
de ter perdido
o pôr do sol na praia
e de caminhar sobre a areia
de meias e sapatos quentes
abarrotados de pressa e silêncio