O tipo de homem que te mostra o valor de se começar a apertar o creme dental pela extremidade debaixo. Tive a certeza, ali examinando-nos a escovar os dentes: de que era ele.
Quem sou eu
- Fabíola Weykamp.
- - O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.
terça-feira, dezembro 13, 2011
sexta-feira, novembro 18, 2011
SAUDADES DO CANTAROLAR DE TUAS CANÇÕES INVENTADAS
Quando se está na rua e,
de repente, se é tomado,
invadido e consumido
por uma tristeza profunda,
não há lágrima mais tímida
que se iniba à multidão.
Chora-se a dor
de mais de seis meses
de saudade em plena
rua ensolarada e lotada
completamente.
Chora-se, em vazio,
à saudade esmagadora
e solitária da ausência da voz e
dos assovios improvisados
que eram capazes de encher
muitas ruas de amor somente.
Chora-se apenas.
Foi tudo o que nos restou.
de repente, se é tomado,
invadido e consumido
por uma tristeza profunda,
não há lágrima mais tímida
que se iniba à multidão.
Chora-se a dor
de mais de seis meses
de saudade em plena
rua ensolarada e lotada
completamente.
Chora-se, em vazio,
à saudade esmagadora
e solitária da ausência da voz e
dos assovios improvisados
que eram capazes de encher
muitas ruas de amor somente.
Chora-se apenas.
Foi tudo o que nos restou.
quarta-feira, outubro 12, 2011
UM CONVITE
O dia amanheceu
triste
para você hoje ̶ eu sei.
Mas olha, se me
deixares entrar,
trouxe aqui comigo
algumas tintas e pincéis,
assim, podemos
colorir um arco-íris
no teu céu.
̶ Vamos tentar?
domingo, outubro 09, 2011
Águas calmas
Foto retirada do sítio: http://www.pelotasconvention.com.br (sem identificação de autor)
Coração meu
em repouso tranquilo
como as águas
claras e mansas do
Laranjal.
LICENÇA POÉTICA
nuvem espessa
flutuando sobre o jardim -
pássaro azul, em canto sibilante,
clamando por meu vir.
sexta-feira, outubro 07, 2011
01
Não esmoreço
em cada despeito teu.
Meu corpo e minha dança,
frutos dos desejos teus,
entram em sintonia
às batidas da valsa,
da melancolia do
desapego teu.
Meu beijo,
minha valsa,
meu ritmo,
meu eu.
E tu...,
tu és todo meu
e eu toda tua,
embora duvides
da imensa melancolia,
nos abraços meus.
Com amor: eu me entrego.
Com despeito: tu me tens.
E, assim, inventamos amor.
quinta-feira, outubro 06, 2011
Oh, pedaço de mim...
Quebrar uma louça por vontade dos sentimentos alvoroçados provoca sempre
uma sensação de conforto, de um alívio imediato. Visto assim, o lado
positivo exalta-se. E o sorriso, acompanhado por algumas lágrimas de
origens duvidosas, é libertador.
Porém, como de regra, há sempre o outro lado da moeda. Os tais poréns da vida. O porém de agora está em limpar os cacos espalhados pelos cantos da cozinha após a louça repartida em mil pedacinhos miúdos. Você, então, varre. Junta pedacinho por pedacinho com extremo cuidado para não se cortar. Embrulha delicadamente o que restou do seu jogo de jantar, herdado da sua tataravó, em várias folhas de jornal. Quando segura de que alguém não irá se cortar, o embrulho está pronto para ser colocado em um saco e despejado na lata do lixo. Pronto, a cozinha está impecável novamente. Ninguém (mais) irá se machucar.
Poucas horas depois do ocorrido, você sente sede e vai até a cozinha de pés descalços, nem lembrando que sua louça adorada havia se despedaçado ao chão. Bastou o descuido. Bastou o esquecimento para que você, pega de surpresa e indignada, enterrasse um mísero fiapo do que restou de vidro em seu pé desabrigado, para que a dor voltasse a doer profundamente. Incomodando e ardendo pelos próximos dias.
Assim, acontece com o coração que, por meio de um delicado processo de restauração e persistência, juntou seus caquinhos, um a um, tomando o cuidado de não deixar nada pelos lados tridimensionais da alma. Até que, de repente, você se descuida - assim como aquela que andou pela cozinha, com os pés desnudos, após ter quebrado a louça - você se descuida, não presta atenção por onde pisa, onde quer chegar e o que há em seu caminho e, pronto, um mísero fio de decepção penetrou profundamente em sua alma, deixando a ardência da penetração, a sensação profunda de inquietação, de corpo estranho..., de marcas e lembranças somente suas, não visíveis a olho nú, mas perceptíveis no inspirar do oxigênio para recobrar o fôlego em meio a dor.
domingo, setembro 25, 2011
PARTIDAS E CRUZADAS*
E a gente, com aquela nossa mania
terrível de ser sempre birrenta, acaba complicando tudo que podia ser tão, mas
tão simples. É natural que os caminhos da vida se cruzem vez e outra, como é
natural, também, que se distanciem – por mais que os nossos desejos em prece
peçam o contrário. As distâncias devem ser obras de um deus, penso eu. Não está
em nossas mãos impedir as partidas físicas nem as emocionais. É como as ondas do
mar que, ao virem, beijam nossos pés, mas segundos depois, estão de volta ao
lugar de origem. Não fomos nós quem a trouxemos ou quem a distanciamos. É coisa
de deus. Assim, igualmente é com as pessoas que se afastam. É assim com os
sentimentos que serenam com o tempo. Ambos voltam para o lugar de origem. Ficam
guardadinhos em caixas de recordações, em álbuns de fotografia, em beijo feito
tatuagem na pele que não desbota nunca. O bom das partidas – sim, há um lado
bom nisso também, tem que ter afinal de contas... -, bem, o lado bom das
partidas é o que fica conosco. Alguém me disse, e me desculpa pela memória
fraca, alguém me disse que o amor que sentimos pelas pessoas que partiram não
vão com elas..., o amor..., ah! esse fica conosco, independentemente das horas
que nunca se acalmam. O corpo, veja bem, o corpo envelhece, a cor da gente
desbota, a pele enruga, mas, olha quem fica!, o amor
fica intacto – mesmo que guardadinho em caixa de lembranças, que é para não
doer tanto diante da ausência do toque, da risada que já esquecemos do tom. O
amor fica intacto. O que fomos quando estávamos juntos permanece à sombra de
nossa alma. Fica ali, também quietinho que é para não doer em lágrimas. Ora,
bem sei que quando há distanciamentos no meio da história as lágrimas são
inevitáveis. Eu mesma, dizendo tudo isso, acabo de deixar deslizar uma aqui.
Mas o gosto é de saudade. É de amor que
não acaba nunca, mesmo que distante esteja o outro coração tão amado; mesmo
que esse coração amado nem bata mais pela gente... o amor de quando fomos alma
única: permanece. Ainda que menos afobado..., mas está aí a graça da vida...
ou, o que chamam de amadurecer, não? É sim, sei que é.
*Título concedido amavelmente por Bruno Angeli.
sexta-feira, setembro 23, 2011
Pormaior
Tu te
afliges por não perceber
que o
amor está aqui.
Está
ai, bem aí, no peito teu.
Foi
o homem quem tornou
o amor
doloroso.
[Não
o coração descompassado.]
Foi
o homem quem personificou
o amor
por ser incapaz de enxergá-lo
dentro
de si.
Não
coloques pedras em teu peito,
nem
abafes o pranto na tentativa
De curar
qualquer dor de amor.
O Amor
não dói.
O
homem é quem se dói
(e se
dói à toa).
O
homem é quem criou as barreiras.
Quem
criou as pedras.
Ergueu
muros e quilometrou as distâncias.
Para
o amor, não há distâncias,
não há
muros nem barreiras pelo caminho.
Não
há mundos outros, não há
tempos
outros senão este.
Este
tempo de amar.
Mesmo
que distante...,
mesmo
que pormenor,
são estes
detalhes do amor
que faz
o Amor.
Que
te faz, ainda que doendo alma,
te faz
Amar.
domingo, setembro 18, 2011
ABISMOS
Eu procurei não me preocupar,
não perceber o teu olhar
perdido em lembranças
saudosas de outro alguém.
Mas você se mostrou disposto
a me revelar suas intenções.
Mostrou-me que não é de respeito
que se fortifica um amor.
Mas que a falta de ambos
nos leva ao limbo dos relacionamentos.
Nos leva ao que temos agora.
- Tarde de mais.
perdido em lembranças
saudosas de outro alguém.
Mas você se mostrou disposto
a me revelar suas intenções.
Mostrou-me que não é de respeito
que se fortifica um amor.
Mas que a falta de ambos
nos leva ao limbo dos relacionamentos.
Nos leva ao que temos agora.
- Tarde de mais.
*
Dos sorrisos de encantamento
ao meu fim em sepultamento.
A morte e o amor
estiveram sempre lado a lado.
As tuas fugas vadias,
o meu pranto ao embalar
o teu rebento.
Do legado de tuas linhas
sobrou apenas o meu desprezo
por tuas noites sórdidas
e vazias.
Vazias de amor compartilhado.
Vazias de entrega recíproca e sincera.
Vazias de ti.
Dos sorrisos de encantamento
ao fim do nosso amor em sepultamento.
ao meu fim em sepultamento.
A morte e o amor
estiveram sempre lado a lado.
As tuas fugas vadias,
o meu pranto ao embalar
o teu rebento.
Do legado de tuas linhas
sobrou apenas o meu desprezo
por tuas noites sórdidas
e vazias.
Vazias de amor compartilhado.
Vazias de entrega recíproca e sincera.
Vazias de ti.
Dos sorrisos de encantamento
ao fim do nosso amor em sepultamento.
quinta-feira, setembro 15, 2011
A MORTE É UMA FARSA
Abriu
a janela do quarto. Olhou para o céu e para o asfalto. Calculou a altura; previu
que a queda não seria instantaneamente fatal. Irritou-se com tamanho azar - já
não bastasse viver às custas da mamãezinha, estropiando-se daquela alturinha
ela acabaria por limpar-lhe a bunda. Seria demais. Mais esta humilhação e ele
poderia extinguir o mundo somente com a força do seu ódio e frustração. Não!
Subiu alguns lances de escada e
já estava no telhado do prédio. Por tamanha euforia, não percebeu o quanto de
andares subiu até atingir o desejado. Estava muito determinado em fazer o que
queria fazer. Chegando ao telhado, olhou para baixo, calculou a altura mais
velocidade mais peso do seu corpo tudo isso multiplicando-se à gravidade.
Estava perfeito. Não haveria meio termo dessa vez, pensou. Subiu na mureta do
telhado, abriu os braços com extremo gozo e, sorrindo, mergulhou nas nuvens. Flutuou
não mais que vinte segundos e logo pôde se ouvir o estrondo.
§
Acordou com dor de cabeça, como
se tivesse levado uma grande pancada. Sorriu apesar de. Sua queda foi um
sucesso, pensou orgulhoso de si e de sua Física quase que profética desde os
tempos de faculdade.
Passado o primeiro momento de
excitação, algo, porém, lhe parecia incoerente. Tocou em seu corpo, apertou os seus
braços, levou a mão à cabeça e pôde sentir o sangue manchar a ponta dos dedos.
Mas como?! – bradou espantado. Olhou ao redor. Viu a multidão em círculo à
beira da calçada. O que estariam vendo? Também queria saber. Tentou olhar por
cima dos ombros de algumas pessoas, sem sucesso, empurrou um ou dois homens que
pareciam transtornados com algo. Empurrou-os, porém, estes nem se mexeram.
Sem saber o que estava
acontecendo, pensando em como dois corpos poderiam ocupar o mesmo espaço ao
mesmo tempo, embora soubesse que isso fosse fisicamente impossível, chocou-se
com o que vira. Um homem estava estirado ao chão. Os braços e pernas lhe
pareciam deslocados do corpo. Sentiu as dores, como se pudesse ser solidário ao
sofrimento alheio pela primeira vez em sua vida.
Sentiu suas pernas sem forças,
molengas. Desabou. Preocupado e aflito, pois ninguém lhe socorria do que
julgara ser um mau súbito, arrastou-se até o homem deitado imóvel na calçada.
Aproximou-se um pouco mais e virou-lhe a cabeça para si. Foi então que, em
desespero, reconheceu aquele rosto mergulhado em grande poça de sangue.
Reconheceu-se. Era ele aquele homem. Mas como? - bradou com os olhos
arregalados. Mas como?????! Berrou novamente e ninguém lhe respondeu.
Atravessou a multidão. Tentava
sacudir as pessoas, mas elas não o sentiam. MAS COMO?!!! Desesperou-se ainda
mais. Sabia que isto era impossível. Deveria estar louco. Como poderia estar
ele no chão, morto, ao mesmo tempo em que se sentia vivo? Tão vivo que era
capaz de sangrar, de doer-se. Como seus cálculos não deram certo? Como ele pôde
suportar a queda de mais de trinta andares a cima do chão?? Desesperado e com
dor insuportável, começou a sentir forte tontura, falta de ar... desmaiou.
§
A ambulância chegou ao local
seguida por um carro da polícia e outro do IML. Recolheram o corpo. E alguns
depoimentos e evacuaram o lugar. O circo foi desmontado. A faxineira do prédio,
com muita dificuldade e um tanto de lágrimas nos olhos, tentou limpar a calçada
imunda de vermelho. Poucas horas depois, a rotina na Avenida Paulista retornou
à normalidade.
domingo, setembro 11, 2011
Girassol sem sol
"A
fala era polida e
outros
tantos desejos contidos
cabiam na
palma da mão.
O cabelo
solto escondia o pescoço nu.
Estava
pálida e vazia de dias felizes.
Os olhos
cinzas
acabaram
de se fechar
quando o
girassol murchou em sua mão.
Não
voltou a enxergar depois disso.
O girassol se despetalou no chão.
E mais um dia,
em seu calendário de esperança,
amanheceu sem sol."
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