Quem sou eu

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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

quinta-feira, novembro 29, 2007

Como era de se esperar

Mesmo que exista distância, mesmo que talvez não mais nos vejamos... nada irá embora assim, sem mais nem menos. Não será repentina como a tua saída. Nem mesmo que sofra, que chore, digo que posso até sorrir: guardo as mais bonitas lembranças de fatos nunca existentes. Eu as guardo porque assim, posso sorrir. E alguma coisa real guardar de ti, esperança.
Criei um mundo para nós, mas a estrada que nos levaria até ele, havia dois caminhos e cada um seguiu o seu.

domingo, novembro 25, 2007

Ontem

Estive a perambular por caminhos de intenso fervor vão e de baixa harmonia luminosa. Estive a lembrar constantemente de cenas ilusórias que não me pertencem mais - elas nunca haviam me pertencido, bem na verdade - criei nomes, sentimentos e lugares para isso. Lugares que elas nunca os habitaram. Colhi rosas nos jardins encantados dos sonhos. Girei contente no meio daquela imensidão de grama. De verde timidamente único. Suspirei estonteantemente resoluta vagando naquele labirinto de desencontro.

E o tempo escureceu. As nuvens carregadas anunciavam a chegada de uma estrondosa tempestade. Mesmo assim, eu permaneci ereta naquele verde encantador. Permaneci delirante em busca de alguma saída possível daquele labirinto, que foi ficando estreito, estreito, estreito... suas paredes sufocavam-me. Com muito esforço pulei um dos muros, parecendo uma fugitiva da polícia, pulei um dos muros com cuidado para que ninguém percebesse tamanho feito. Ao cair: consegui manter-me firme nos dois pés, para alivio e contento de minha parte fogosa. “Estou forte”, imaginei suspirando. De começo, a queda foi de alívio, teve lá sua importância de significado ímpeto. Mas depois, de intensas lembranças, pude então, sentir o baque dos pés encostando brutalmente o chão frio e cheio de cacos de vidro.
Feri-me profundamente. Doeu muito, apesar do corte superficial.

Cobri as feridas estancando o sangue, calcei um sapato, e continuei o meu caminho.
Com todas as dores barradas e sentindo-me um pouco mais suscetível ao momento, deixo-me presa a letras e números, compondo frases e resolvendo problemas aritméticos. É preciso sair da ilusão, a queda é dolorosa, mas não tão violenta: fosse continuar com tanto pesar de ânimo em decadência.


Mudanças de planos, caminhar afoito pela estrada passageira da vida, náuseas, pesares, sorrisos, e lágrimas seguem na existência permanente da indecisão intragável de um ser absolutamente molestado pela indiferença e pela falta de sentir-se do lado de fora.
E depois tudo volta a fluir com a lentidão de um doce e despretensioso sorriso benevolente.
 
(sugestão de título:aceita)

segunda-feira, novembro 19, 2007

Lembranças

(Dedicado às minhas solitárias lembranças.)

S
abe aquelas palavras não ditas? Guarde-as no fundo de tuas lembranças. Queria que elas fossem as últimas a serem esquecidas quando o tempo passar, quando a pele enrugar e quando você não mais lembrar nem mesmo qual é o meu nome.

Desejaria que elas ficassem dentro de ti. Eternizadas ou não, mas dentro de ti. Seja por um tempo mínimo, seja por qualquer algumas duas horas, mas que você as lembre.

E quando isso acontecer, quando essas lembranças esbranquiçadas surgirem, ao menos dê um sorriso. Mesmo que tímido e quase o negando. Mas sorria mesmo assim. 

Estarei aqui ou aonde for, mas, estarei recordando dos momentos aqueles que nunca tivemos. Lembra deles? Seriam lembranças de manhãs e noites felizes. De risos soltos pelo ar, aquele riso incontido que doía a barriga de tanto prazer ao gargalhar. Lembrarei também das muitas brigas superficiais que teríamos. E como brigaríamos por nada. Lembra disso? Daquela vez: em que quase tudo foi por água baixo por causa de um mal entendido? Lembra? Como ríamos depois de tudo ter se esclarecido. Riamos durante semanas.

E da casa com jardim na frente? Como brincávamos e ríamos as custas dos outros que sonhavam com esse mundinho ilusório de perfeição. Ríamos porque também desejávamos. E como desejávamos! 

Talvez eu não lembrarei mais das ruas por onde andei, nem dos lugares que muito conheci, muito menos do que foi de almoço no dia de amanhã... Mas saiba que: eu irei rir, sozinha ou não, irei rir do quanto fomos... Dos sorrisos e das lembranças saudosas que nunca vivemos. E mesmo assim, seríamos felizes de qualquer jeito.

terça-feira, novembro 13, 2007

A satisfação insatisfeita

Não que a distância tenha feito dela um alguém mais carente, nem que ela quisesse conseguiria se tornar sozinha. Dos seus muitos amores, os transformou em uma válvula de escape: onde ela poderia repousar o seu corpo quente e cansado de tanto amar, mesmo sendo superficiais essas aproximações.Ela mesma repetia em frente ao espelho: “Não deixo de ser feliz por ser... ser sempre assim”.O que transparecia ao seu rosto, era que o seu pensar soava tão distante da realidade.Ela já sentia falta de ter o seu corpo unido em apenas um outro. Seja ele como for, mas que seja apenas um. Um para que ela possa dizer, “é só meu”, mesmo sabendo não ser a total verdade. Os homens, não pertencem a uma só mulher, não correspondem amores, saciam seus desejos e suas fantasias em um corpo que horas é claro e outra é escuro.Para eles tanto faz, não importa quem sejam, basta apenas que sejam.Mas para ela, esse desejo vazio estava lhe atormentando qualquer contato físico.Ela precisava de algo mais intenso que simples beijos e carícias ousadas. Precisava amar.
Foi então que eles se conheceram, no final da noite, ambos exaustos de se amarem, ficaram juntos, frente a frente, como se um passado presente de lembranças semelhantes habitava o pensamento de ambos. E quando tudo parecia tão longe, sendo apenas vagas lembranças, eles se abraçaram, e uniram mais uma vez seus corpos nus e suados de tanto prazer em um laço único e sincronizado, como se já estivessem acostumados um com outro, como se já pertencessem. E eles desfrutaram, de um amor escondido e intenso, durante quase toda vida. Muito mais que um simples desejo por aventura, eles estavam sempre enlaçados pelo amor de remotas e tristes histórias.
Ele pertencia a uma, que tão pouco o amava, e ela não pertencia a alguém e nunca pertencerá, pois sua vida é informal e seu amor não é passional, o que não pode servir para o que faz.
E ela, voltou ao mesmo espelho - que mesmo velho e descascado - ainda refletia sua imagem, um pouco mais enrugada que a de antes, mas seus olhos permaneciam, mesmo cheios de rugas, seus olhos permaneciam os mesmos.

Olhos tristes e sombrios de alguém que sempre espera mais daquilo que se tem. Daquilo que não se consegue ser.
Obs.: (Erros de digitação são constantes.)

segunda-feira, novembro 12, 2007

Sem nome

Não é que eu tenha me esquecido das minhas obrigações, e nem que eu que não tenha sofrido com tantos devaneios incrédulos durante o percurso do rio.
É que eu andei investigando lugares sinistros, de compreensão escassa e de sentimentos rígidos.
Lugares, não habitados... Não conhecidos, e já temidos. Será o mal dizer que fez dele tão feio assim? Será loucura não gostar dele assim? Ou será que o desespero e a falta de insensibilidade que nos acovardou de tão puro sentimento?
Lugar bonito, eu afirmo. Pude ir lá, conhecê-lo de perto, pude sentir o saboroso néctar do amor.
Arrisquei-me a navegar num mar violento, fortes tempestades... Foram as mesmas que lavaram toda e qualquer maledicência que cabia no meu pequeno ser. Foram elas. E eu te pergunto: elas continuam sedo ruins?

É que da incerteza de um amanhecer sereno, nasce uma flor chamada esperança.

sábado, novembro 10, 2007

Envolvente contradição

(Dedicado ao tempo vazio da espera.)

Às vezes as palavras se tornam abstratas
E o som produzido pelos lábios
São cansativos, vagos e distantes.

Deixe-me fora dos jogos de cordialidades insensíveis
E dos maus dizeres orais.
Cansa tamanha recusa dita
Dói tanta insinuação que logo é:
Desmentida pelo som que ele produz.

São tantas incoerências inúteis
De significados entorpecentes,
De gestos amáveis
E doce balançar dos cabelos.


Dos lábios se tocando
Do cantar dos pássaros ao fundo,
Servindo de rima para o nosso amor...


Intolerante? Não sois. Mais.
Aceito essa envolvente contradição
Que me faz respirar.

terça-feira, novembro 06, 2007

Uma vassoura

Sou uma vassoura.
 
Senti-me assim durante um bom tempo de minha vida. Cheguei a pensar em abdicar minhas atividades, e deixar de lado toda poeira varrida para debaixo de armários, tapetes. Sou uma vassoura que pensa, que sente a ausência de não ser utilizada.
Preciso varrer!
Um dia me peguei exclamando feito doida varrida. Varrida? Não! "Sou eu quem varre... Sou uma vassoura,!" exclamei para minha mãe estrela. Somos aquilo que queremos ser, ela respondeu delicada. E eu digo, me orgulho de ser uma madeira velha e pouco cheirosa, que varre, varre a qualquer hora, e depois descansa pendura num prego enferrujado fora de casa. 
Adoro ser!

Não sou uma simples madeira magricela com palhas na cabeça. Eu sou uma vassoura que varre. Varre com alguém. Alguém cantarolando, alguém resmungando... Mas alguém. Poucas horas de uso, e ainda  sim tenho a companhia de pessoas de verdade. Eu sou uma vassoura feliz. Adoro varrer, já disso isso antes? Sinto-me tão útil varrendo... Chego a cantar.


Muitas vezes, me usam demais e o estresse é grande. São tantas peças à varrer... Tantos tapetes à serem limpos... Eu trabalho demais e por hora: cansa! Acabo perdendo minhas madeixas louras e secas, sem nem tirar o brilho dos olhos continuo varrendo e cantando.
E como canto!!
Prefiro ser vassoura. Graças ao meu bom Deus que não sou um aspirador de pó. Eles são tão chatos... Tão barulhentos... Tão enormes e pesados... Eles me cansam, sabe? Querem tomar o meu lugar. E os desgraçados ainda moram dentro de casa enquanto fico encostada numa parede gelada. Francamente!! Mas nem isso me faz voltar atrás: adoro ser vassoura, varrida, varada, vibrante.
Não preciso de fios. Posso ser usada na rua em dia de chuva, posso ser usada quando falta luz. Inclusive, espanto até alguns humanos e outros animais que incomodam o meu parceiro de serviço. Além disso, eu não preciso carregar um saco sujo dentro de mim, onde guardo as mais podres sujeiras espalhadas pelos cantos. Eca! Que nojo. Eu logo que vejo uma sujeirinha já coloco-a para longe. Longe de mim guardar ressentimentos. Longe de mim guardar coisa ruim que não querem mais e que só faz mal. Cruzes!
Eu mesma posso tirar toda e qualquer desavença que há aqui dentro. "Você pode, é uma vassoura,!" lembra-me mamãe estrela todos os dias à noite enquanto fico lá fora de casa, descansando na varanda já limpinha.

Engraçado essa vida, além de econômica e leve, eu posso voar; coisa que o meu concorrente não pode e nunca poderá, porque, além do mais, sou o quero e hoje serei apenas uma vassoura.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Estranhamente ser (05/11/2007)

Mesmo que me faltem as palavras mais frias e mortas que conheço eu ei de inventar quantas mais for preciso para que tu vás, meu amor. Não fique à espera de gentilezas de minha parte. Não que eu as não pratique, é que no momento em que nos encontramos eu não posso fazê-las, não.
Mesmo que me despedace o coração, mesmo que congele meu sangue, eu não posso ser mais a tua tão controlada amada. Não por ti: que já tens outras tantas à tua espera, mas por mim; pelo pouco que ainda me cause respeito. Pelo pouco assim, que ainda sei ser: adorável estranha dos teus sonhos passados.

domingo, novembro 04, 2007

Palavras II

As palavras se tornam inimigas quando mal colocadas.
Tornam-se cansativas quando repetitivas e clichês quando viram dito popular.

O céu se torna escuro quando noite, e escuro quando chuva.

Esse mesmo céu se torna claro quando dia e luminoso quando o sol acorda radiante.
Depende muito: de quem transmite para quem absorve.

Palavras transformam-se em emoções quando atingidas no coração.

Ou cavoucando feridas.
Abertas: desespero, dor. Gritos!
Fechada: consolo, esquecimento. Cantoria...

Palavras. Sejam elas simples ou cheias de rodeios filosóficos.

Não importa. Que sejam!, Apenas verdadeiras.