Quem sou eu

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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

domingo, novembro 25, 2007

Ontem

Estive a perambular por caminhos de intenso fervor vão e de baixa harmonia luminosa. Estive a lembrar constantemente de cenas ilusórias que não me pertencem mais - elas nunca haviam me pertencido, bem na verdade - criei nomes, sentimentos e lugares para isso. Lugares que elas nunca os habitaram. Colhi rosas nos jardins encantados dos sonhos. Girei contente no meio daquela imensidão de grama. De verde timidamente único. Suspirei estonteantemente resoluta vagando naquele labirinto de desencontro.

E o tempo escureceu. As nuvens carregadas anunciavam a chegada de uma estrondosa tempestade. Mesmo assim, eu permaneci ereta naquele verde encantador. Permaneci delirante em busca de alguma saída possível daquele labirinto, que foi ficando estreito, estreito, estreito... suas paredes sufocavam-me. Com muito esforço pulei um dos muros, parecendo uma fugitiva da polícia, pulei um dos muros com cuidado para que ninguém percebesse tamanho feito. Ao cair: consegui manter-me firme nos dois pés, para alivio e contento de minha parte fogosa. “Estou forte”, imaginei suspirando. De começo, a queda foi de alívio, teve lá sua importância de significado ímpeto. Mas depois, de intensas lembranças, pude então, sentir o baque dos pés encostando brutalmente o chão frio e cheio de cacos de vidro.
Feri-me profundamente. Doeu muito, apesar do corte superficial.

Cobri as feridas estancando o sangue, calcei um sapato, e continuei o meu caminho.
Com todas as dores barradas e sentindo-me um pouco mais suscetível ao momento, deixo-me presa a letras e números, compondo frases e resolvendo problemas aritméticos. É preciso sair da ilusão, a queda é dolorosa, mas não tão violenta: fosse continuar com tanto pesar de ânimo em decadência.


Mudanças de planos, caminhar afoito pela estrada passageira da vida, náuseas, pesares, sorrisos, e lágrimas seguem na existência permanente da indecisão intragável de um ser absolutamente molestado pela indiferença e pela falta de sentir-se do lado de fora.
E depois tudo volta a fluir com a lentidão de um doce e despretensioso sorriso benevolente.
 
(sugestão de título:aceita)