Subira no ônibus como em todas as manhãs comuns e indiferentes. Avistara o primeiro banco vazio e é nele em que ela senta. Não olha para os lados, nunca. Mas, hoje, sem saber porquê escorregou o olhar para o cobrador que lhe sorriu mostrando grandes dentes brancos. Tímida, retribuiu. Sentara-se no seu banco predileto e o vira, sentado em sua frente, cabelos macios e cheirosos como de costume. Antes que ela chegasse, ele estava sempre ali. Sempre no mesmo banco, os mesmos cabelos macios. Mas, hoje, hoje especialmente ele lhe sorrira e, de súbito, pulara para o banco de trás, ao seu lado, e os dois sorriram tímidos até o final da linha.