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- O que escrevo? Não sei. Só sei que minha alma grita e eu já não posso mais abafar nem conter essa ânsia.

quarta-feira, outubro 31, 2007

Espelho (31/10/2007)

(Dedicado à Clarice)



Aproveito para me fazer presente nesse momento de ausência de meu espelho, que muitas vezes reflete uma imagem doce e gentil, cujas quais nem pensava que sairiam de mim.
Antes era só discórdia, monotonia, ausência permanente de alguém que eu não queria que existisse e o mesmo teimava em se mostrar duplamente insistente de tanta chatice e crueldade.

Ufa! Agora eu suspiro aliviada. Essa imagem não só deixou de existir como acredito que voltará nunca mais. Sua ausência não me faz falta. Leveza de espírito. Leve na alma. Leveza no corpo. Leveza!
Essa sensação tão segura e bem-vinda tem habitado os lugares por onde passo, e até aqueles nunca irei.
Essa leveza está lá. Sozinha ou não, não se faz ausente. E nem presente. Mas agora que esse espelho está ausente, e antes dessa distância obrigatória e ligeira, ele me disse que sempre estaria comigo, mesmo que eu nunca mais sente a sua frente e fale sua língua, mesmo que eu nunca mais ligue para ele depois de algum incidente transitório, nem mesmo que eu nunca mais escreva palavras doces e diga gentilezas sinceras; ele me disse que permanecerá aqui. Junto de mim, estará sempre posto a minha frente quando eu sentir saudade do que fui e quiser olhar-me. Ele estará lá.

Acreditarei que para sempre. Embora, eu saiba que um dia a sua moldura poderá ser corroída por cupins, e que o seu vidro descascará e perderá sua antiga beleza exterior; e mesmo que ele possa vir a ser partir em muitos pedaços não sendo mais possível colá-lo, podendo vir a ser até outro objeto,mesmo assim, com todas as transições, com todas as mudanças necessárias dessa vida, para mim, ficarão sempre: bonitas, feias, felizes e tristes imagens, do que fui, do que sou e do que serei.
E ele sempre estará comigo. Em minhas velhas e saudosas lembranças.
De quem reciprocamente estará sempre presente,

Fabíola Weykamp.